quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Desaguando

Desaguo ao anoitecer ou amanhecer,
em hora contida, perdida, deixada do lado de fora.
Desaguo para não afogar-me,
guardo por que preciso,
por que o fato ainda findo
sangra minha alma,
rasga meu peito,
e a dor se encolhe,
preenche cantos distorcidos.
Não sei onde vai,
quando sai,
se assim pode ser.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Já, não sei...

Espero por algo que não sei,
que talvez não exista ainda ou mais,
que agoniza no tempo, peito e razão.
Aguardo ansioso pelo sinal,
olhar na multidão.
Aguardo o desconhecido,
o estranho e ausente,
sentido da sensação.
Espero pelo todo que não sei,
que não há,
que distante de tudo me causa ilusão.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Lamento

Também te Amo,
às vezes me engano,
às vezes me perco,
e me encanto,
no tormento,
do lamento do meu pranto.
Também te quero,
e sempre espero,
em ritmos de humor me altero,
me adultero e já não quero, mas
no mesmo instante sigo querendo,
querendo, querendo e querendo ainda mais.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

(Des) Concerto

Desconcerto matinal que invade meu dia,
e acompanha minhas horas.
Desatenção do todo, para pensar todo o tempo.
Não há culpa por isso, pois poderia ser outro momento a divagar meus minutos.
Inconstantes e incoerentes,
de riso contido,
sorriso nos olhos,
de festa de canto de boca.
Já não consigo ler com a devida atenção,
tudo e a todo momento só sei pensar no todo
e tanto de ti.
Não que já exista, mas não existindo,
tento descobrir o que em ti me gasta, me alimenta.
Talvez seja exatamente o desconhecimento.
E como posso ter aberto meu corpo,
minha boca, minha roupa e minha morada
para aquilo do qual desconheço tão intimamente?
Me desconcerto cada dia, e teus dedos
ainda percorrem cada linha do meu rosto,
cada contorno desenhado por meu pelos,
e teu cheiro ainda mora em minha pluma,
e teu gosto em minha boca no desgosto dos desejos.

sábado, 30 de novembro de 2013

Lugar todo

Quando tua boca ameniza minha sede,
e teus olhos fixam nos meus,
fazendo os ponteiros do relógio pararem.
Quando tua mão em minha pele pousa,
e a força do abraço deixa-me seguro de novo,
tornando o espaço um só.
Quando o arrepio se espalha,
e o pelo demonstra qualquer toque,
é como música percorrendo poros.
Quando desejos espalhados em todo lugar,
unem-se para abrir caminhos,
qualquer que seja a história,
o lugar ou hora, desperta.
É intenso o querer, lugar todo que existe,
exibindo, escondendo e revivendo o instante.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Clareia

O toque, aquele que ocorre ao acaso.
Que pensado e desejado, acontece como que sem querer...
São toques de mãos que se procuram,
na ausência do tempo que inexiste,
no querer indescritível do disposto,
no desejo ocorrido de momento.
São mãos que se tocam,
Olhares que se cruzam,
corpos que aceitam-se.
E outra vez existo no desejo de redescobrir,
na tentativa de reviver,
na vontade de amanhecer,
no clarear do olhar, que ao ver, brilha.

domingo, 24 de novembro de 2013

A Falta

E o abraço que se perde,
e a ânsia de tudo que me falta,
perdendo-me no todo que há pelo caminho.
E as horas esvaindo-se por entre os dedos,
junto com todas as sensações vividas,
e de todas as vidas imaginadas,
quando tudo acaba.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Paz

Que falte a paz,
O sossego demais,
O costume de acalmar.
Mas, que o Amor persista,
fazendo-se presente,
mesmo que a ausência exista,
e que ao entardecer a dor insista.
Que o Amor negue seu paradeiro,
e que o desejo brilhe nos olhos,
e a vontade desague no corpo,
e meu peito se encha de estrelas.
Que meus olhos ceguem para o mundo,
e no breu do momento meu corpo seja braile,
e as bocas vertam contínua e inesperadamente,
na paz do desassossego.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Parte de mim

Já sou todo saudade,
sou tanta verdade e mentira em mim.
já sei toda metade de mim em ti.
O completo pretexto de ser assim,
inteira saudade, metade verdade,
completamente sem fim.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Toque de mim.

Tudo que já não me cabe,
tudo que ao caminho se perde,
e em mim acaba-se.
já não há vestígio,
e na procura incontida, sigo a buscar mais e mais.
Sigo sentindo, vendo, querendo tais quais.
O espaço que se abre,
ao alcance da mão,
querendo encontrar tudo que não se pode tocar.
Na ânsia do desejo,
de encontrar o beijo,
de tocar o corpo,
de sentir o peso,
de querer o momento.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Visto isto...

que veste a mim, com teu braço.
Abraço interminável que estende-se ao chegar,
trazendo o enlace que aconchega todo corpo,
que sufoca saudade,
que ameniza tanta ausência.
Este encontro de sentimento,
de momento presente,
de saudade latente,
com sentido inexplicável.
Quando o encontro do teu peito com o meu,
e o laço dos teus braços em meu abraço chegar,
saberei porque o mundo existe,
e a distância exige tanto penar.
O encontro inevitável há de ocorrer,
o bater de dois mundos num só,
e o meu mundo de novo a existir,
quando nada mais por um instante importar.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Das Cores

Encantam-me os fortes tons da cor,
o contraste existente entre claro e escuro,
A beleza que cria-se do alvorecer ou entardecer,
É tanta beleza a adentrar em meus olhos,
poros, sentidos de prazer.
Mesmo quando a boca vermelha pousa sobre a branca pele,
E a cor do teu corpo se encontra na cama,
e quando o calor avermelha a epiderme,
e o gosto do Amor arrepia o pelo,
e o arrepio espalha desejo,
é quando o nada absorve o mundo,
ou o tudo se perde na brisa,
e o calor do teu corpo aquece meu peito,
achando cada milímetro de mim.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Desejo de Imaginar

Pior do que não poder enxergar o desejo por completo,
é a capacidade de imaginar tudo que se esconde por onde os olhos não podem penetrar.
Em apenas um cruzar de passos, olhos e corpos é possível um brilhar de olhos a sorrisos.

Na tarde de sol, em um cruzar indiferente,
tudo o que era apenas um instante igual a tantos outros,
deste mesmo dia e de todos os anteriores,
mudou repentinamente na forma de ver,
no cheiro no ar, em toda a ideia de desconhecido.


domingo, 6 de outubro de 2013

Mudança

Mudo para tentar não emudecer,
busco a palavra que irá transparecer,
quando em minha boca brotar.
Mesmo se calo, falo um tanto mais,
de tantas e brancas formas,
aos toques e pelos ventos,
de corpo e ausente luz,
com pluma e espuma em mim.

sábado, 5 de outubro de 2013

Brechas

Olhos são janelas,
em momentos brechas,
as vezes fechaduras,
frestas,
Há olhos que são oceanos,
profundos rios,
enchentes de inverno,
vasos transparentes de lírios abertos.
Olhos feito luzes,
de brilho constante,
Cruzar brilhante de olhar.
Um intenso faiscar de luz,
capaz do outro iluminar.
Um encontro a dois, a três, a mar.

Marcas

E teu beijo de desejo marcou meu corpo descoberto.
E a hora adiantada, parou para o momento desperto.
Dos meus sentimentos e sentidos me perdi,
me esqueci,
me acabei,
saltei.
No salto a juventude nasceu em mim.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Branca Lua

E tua tez pálida e forte aqueceu a minha,
em tons róseos de desejos descobertos e prazeres esquecidos.
Tua boca enlouquecendo, do tempo ausente,
querendo beber o mundo em um único gole.

Minha boca descobrindo,
todo incêndio no pousar do teu corpo.

Todo desejo contido se revela,
todo beijo perdido se acalma,
todo corpo escondido se permite,
todo gosto lembrado se espalha.

Assim o mundo todo,
contido num quarto de lua


terça-feira, 10 de setembro de 2013

Irremediável

E tudo que não for dito,
será sentido,
pensado
- Quebrará o silêncio.
Trará para o mundo a loucura.
Lucidez inventada.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Metrópole

E na metrópole cosmopolita, onde não faz-se necessário enxergar
o passo, passa apressado, atravessando as ruas intransponíveis.
Meu passo marcado cruza em outros no mesmo caminho,
e a pressa diária evita o contato com o invisível.
No cotidiano igual e imutável, de paisagens conhecidas,
o olho acostumado ao encontro, já não brilha ao fixar na imagem movimentada.
o movimento distinto, já não pára no brilho que morre lentamente,
tardando o cruzar inconcebível, irreconhecível, transmutável.
E no caminho igual, muda o vento, a luz, a cor,
mudo eu e você no mundo calado.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Trecho: a menina que roubava livros


- UMA PEQUENA TEORIA -
As pessoas só observam as cores do dia no começo e no fim,
mas, para mim, está muito claro que o dia se funde através de
uma multidão de matizes e entonações, a cada momento que passa.
Uma só hora pode consistir em milhares de cores diferentes.
Amarelos céreos, azuis borrifados de nuvens. Escuridões enevoadas.
No meu ramo de atividade, faço questão de notá-los.



domingo, 1 de setembro de 2013

Do raio de luz que ultrapassa a fresta,
e da gota de chuva que cruza verticalmente meu olho,
Do som límpido e calmo que vem depois dos trovões,
e do lampejar que ilumina o céu.
Sei apenas que meu peito intranquilo pulsa para o mundo,
e meus sonhos inquietos chegam como flashes de uma batida musical.
Sei também que meu corpo pede tão pouco do tudo que há,
e que meus sentidos se desafazem quando do momento tão desejado.
Meus pensamentos passeiam por mim e por outros caminhos e loucuras,
e a inquietude que é viver assim me paralisa para tudo começar.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

É agoniante presenciar o vão,
ficar no vazio onde o mundo não acontece.
Onde a vida espera, apenas assiste.
Onde não pode-se descer e seguir,
ou decidir voltar.
Lugar de vazio, incontínuo,
lugar de pensamento, do simples nada,
Gosto de partida e chegada.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Sou não sei...

E você em meu mundo,
transformando-me em algo que já não sei,
talvez em algo que já não mais sou.
Me leva a um tempo que já não me cabe,
pelas manhãs tortuosas e belas do caminho sem mim.
Ausência de ti, que por aqui se esvai,
saindo de mim, por poros indistintos,
no meu peito se faz crescente,
em minha lembrança presente,
sempre constante na falta de nós.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Olhos estrangeiros

Estranhos olhos estrangeiros,
me reconhecem no cruzar de luz,
acompanham-me no pisar ligeiro,
perdem-se no distanciar de passos contrários.
Em seguida o encontro inevitável,
a proximidade desejante,
o quase toque impensado,
o querer continuando,
conhecendo,
transformando,
permanecendo.
Distante e perto de todo estranhamento conhecido,
de toda forma incomunicável,
do calar que grita, quase tornando-se um sorriso.

sábado, 13 de julho de 2013

Chamego de aconchego

E esse aconchego, um chamego em mim.
Sua música transpassa meu andar.
Cruzando, atravessa-me em uma rua qualquer.
Seu olhar perde-se no infinito meu,
que disfarça nosso encontro instante.
Sou apenas um estranho a andar,
faça chuva ou sol,
frio ou calor,
inverno ou verão.
Coração aberto, sorriso largo,
olhos sempre vividos.
Querendo em mais um passo, um abraço,
talvez xêro de cangote.
E seus olhos fechando, e boca abrindo,
tocando com ardor a pele que em seu Amor habito.

quinta-feira, 13 de junho de 2013



E a verdade revelada,
de que a felicidade almejada,
constrange-se ao olhar do outro.
Querer ser mais feliz, deve fazer sentido,
um sentido duplo, amplo, a dois.
Felicidade deve ser compartilhada,
de beijo leve e carinhoso,
de toque suave e apaixonante,
com corpos completando todo ardor da paixão e desejo.
Com olho encontrando olho,
pele sentindo pêlo,
boca encontrando corpo, gosto, cheiro.
Esse cheiro de pele, no calor do corpo inteiro.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Brilho Encanto

Sanidade do instante.
Santidade irrelevante.
Olhar casto e sorriso brando.
Cor quente, dormente, de brilho encanto.

domingo, 28 de abril de 2013

Não quero me sentir seguro ou aquecido.
Necessito deste instante de frescor e liberdade,
de tempo lancinante de ousado descontentamento.
Necessário e torto caminho sem certezas,
sem promessas no final.
Quero apenas e somente o perigo,
o abandono, o silêncio de tudo o que se cala.







domingo, 7 de abril de 2013

Meu corpo tão só,
tão cheio, tão torpe,
tomado de desejos vãos.
Minha boca tão seca,
sedenta de fartos lábios,
rosados feito carmim.
Minhas mãos vazias,
tão cheias de vontades não ditas.
Meus olhos tão presentes,
em teu andar.
Neste passo, descompassado frente ao meu.



quarta-feira, 3 de abril de 2013

Repouso aberto


Meu corpo está cansado, de tudo quase.
Cansado de tudo que não faz sentido,
e no virar de páginas diárias não se refaz,
não se transforma, não se modifica.
Meu cansaço é de promessas e expectativas,
de ausência constante.
Meu cansaço é ausência presente,
sem razão aparente,
simples e incoerente.
Meu caminho é sem fim, enfim dilacerante.
De dor e sorriso cortante.
Com alegria e lágrima,
tragicomédia constante.





quinta-feira, 21 de março de 2013


Gosto de quem tem brilho nos olhos,
D'aquele olhar vivo, que reluz quando cruza com outros olhos.
Não agrada-me olhos de santidade.
Gosto deste olhar de canto, safado encanto.
Deste olhar que brinca com o alheio,
que flerta com o desconhecido,
que fala no silencio.
Gosto de olhos que sorriem,
sozinhos, sem lábios a auxiliar.
Me agrada a safadeza do olhar,
O perigo que ele traz em si,
do infinito desconhecido a trocar.
Olhos são para mim, fonte de intensos desejos,
capazes de expressar infinidades de quereres.
Infinito a transbordar.
Desconhecido a encontrar.
Cúmplice a conversar.
Translado de segredos, vindos de profunda alma.
Marejados sentimentos, que em tua face se acalma.





terça-feira, 12 de março de 2013

Amizade devida


Nossa vida e história confundem-se unindo as pegadas que deixamos pelo caminho.
Caminhamos e crescemos juntos, compartilhando momentos pela vida a fora,
vida esta cheia de carinho e amizade, de sorriso e troca.
Ombro amigo que sempre presente se apresenta para ancorar um peito ferido,
um olhar desaguando, um soluço contido.
Uma presença de braço aberto, de sorriso eterno, de olhar verdadeiro.
Uma vivencia constante, longa e inquestionável.
Tantos momento perpassam essa amizade,
tantas existencias em uma só,
tanta verdade em um encontro,
tanto carinho selando algo tão belo.
Amizade que me da segurança e um porto seguro para repousar.
Afagando-me e alimentando meu ser tão sedento de sentimento.
Revigorando-me e trazendo sorriso aos meus dias.
Melhorando minha vida quando tudo parece perdido.
Tenho em você a continuidade do meu caminho e história,
aquele ser que tem a vida contando um pouco de mim,
que pode me levar vivo pela vida que segue.



domingo, 10 de março de 2013

Cântigo Negro - Maria Bethania






"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!"

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Olhar perdido, solto no infinito.
Gosto destes olhares de brilho louco,
crescente, indefinível...

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Beijo

E o toque úmido e cheio de desejo,
que em minha boca faz-se de tua boca e pele.
E todo eriçar que meu toque,
causa ao atrito com tua epiderme...


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

"Grata Surpresa"

É chegada a hora,
hora finda de um dia qualquer.
É chegada a hora,
do desaguar inevitável,
que ao toque suave faz-se transbordar.
É chegada a hora,
triste e feliz.
Tantas sensações em um único sentir.
As invisíveis amarras se desfazem,
soltam-se pelo caminho que segue.
É chegada a hora,
de tanto sentimento contido,
que no peito teima em esconder-se.
É chegada a hora,
adiada, adiantada sem fim.
Enfim, é chegada...
...A hora de ir.
Embora.
Bora?
Em boa hora?
Como saber?
Sabe-se que a saudade aperta,
que a ausência assusta,
que o carinho permanece,
que o sentimento nasce onde menos se espera.
Sabe-se apenas, que o desconhecido pode ser,
uma grata surpresa!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Vivo uma carência sem nome, sem lugar
Sem cor, cheiro, toque.
Sem epiderme, gosto ou suor.
É uma carência de sentido,
estranha sensação de falta,
Um suspiro interminável que rouba o ar ao redor.
Me falta ar.
Toque de lábios,
este indefinível gosto.
Cheiro que aguça o sensorial.
Não sei o que procuro ou o que desejo encontrar.
Só sei que sigo, imaginando o desconhecido.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013



Brilho de valor incalculável,
este olhar que espelha
a alegria de um carinho,
que almeja o imprescindível.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Enquanto te espero

Sigo a imaginar onde meus passos me levarão,
se aos teus braços, abraços.
No abrigo de teu corpo, no silêncio do teu lábio.
No perdido infinito deste frenético pulsar.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Compartilhamento

Há na vida sentimentos, sensações e prazeres,
os quais não conseguimos explicar.
Assim como há dores capazes de maltratar o coração,
também existem alegrias que compensam a vida,
colorindo os dias e suavizando rotinas.
Como explicar um olhar, e todas as sensações que este pode causar?
Olhares são para minha vida, algo de extrema importância.
Se são os olhos as janelas da alma, essa criança que grita dentro da gente.
Os sentimentos que por este portal se espalham a quem me olha,
e é no olho alheio que me alimento e renovo.
Meus segredos se espalham, como cortinas esvoaçantes de janelas abertas.
ou se fecham em mim como janelas trancadas.
Há momentos que necessito espalhar entre letras o que me toca,
pois palavras não nascem em mim.
Meu som emudece e morre em meu peito, desaguando enfim.
Necessito deste olhar amistoso, carinhoso, complacente que
me toca e transpassa meu ser, fazendo de mim algo novo novamente.

cacos

Meus cacos os recolho dia-a-dia, ao fim de cada ciclo dia e noite.
Da dor ou frustração que me tomam, pouso-as com cuidado e retidão,
na leveza da hora finda.
Dos meus anseios sei muito pouco, pois se escondem de tal forma a
enganar-me pelos corredores e passeios por onde procuro-os.
Meus medos são de tamanho e forma distintas, que se agarram a mim,
fazendo de meus anseios parte da busca que se perde.
Por isso sigo meu caminho diariamente, olhos a frente,
passo contínuo e peito aberto aos sabores, saberes, amores, prazeres.


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Me sinto tão vazio e cheio de gritos
Que calam ao abrir da boca.
Meu corpo se divide em ser deixado e partir,
Partindo-se em dois, em mais.
Me encontro em pedaços de sentimentos
E em resquícios de ilusão.
No breu de mim, perco-me na totalidade.
Sou eu e também outros,
quê da dor, escondem-se ao entardecer.
No vazio da casa cheia,
Perdido em pensamentos e sensações
há um eu tão diferente de mim.
Afinal, quantos sou?
Sou tudo o que não sei e desconheço,
Sou partida e chegada,
E na madrugada sou só.
Na solidão me esvazio de tudo o que não cura feridas.
Na presença sou inerte,
De olhar vazio e pensamento perdido.
E neste turbilhão de sensações e sentimentos,
Descubro que completo não sou, se sou só.
Só, sou apenas um pedaço, um traço, um querer acabar-se.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Melancolia

Inevitavelmente a tristeza e a melancolia me fazem escrever.
Preciso estar abalado emocionalmente, mexido com algo que me descompasse para que minha emoção se espalhe por poros, pele, orgãos, chegando a meus dedos e esvaindo-se em palavras que não brotam em minha boca.

Minha dor não é latente,
é simples e tão complexamente perdida.
Essa perda não é um sentimento,
que se esvai ou se quebra.
Também não é a perda de uma pessoa querida que nos deixa do alto de sua madura vivência, deixando um vazio inexplicável de sensações.

A perda da qual falo é tão mais íntima, tão mais de detalhes do dia-a-dia.

Falo aqui de uma ausência de conviver, do desaparecer de uma vivência cotidiana,
de olhares, sorrisos, descobertas, mesmices, pequenos prazeres.
Minha perda é de carinho indizível, de afago, de reciprocidade para as coisas simples.
Minhas perdas, sim estão no plural, e são mais do que pequenos gestos ou conversas, são de sentimentos.
Tudo o que sinto é um pesar no peito,
uma secura de boca,
um transbordar de sal,
uma sensação de mudança.

Mas o consolo vem de saber que sentimentos são mais do que presença constante.
Sentimentos são conquistas que precisamos cultivar.
E este cultivar me afaga na intenção de continuar convivendo o sentimento.


quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O que te emociona?

Sol ao amanhecer,
Chuva ao entardecer,
Boa música,
Olhos nos olhos,
Sorriso espontâneo
ou aquele de canto de boca.
Beijo apaixonado,
Confidências ao ouvido,
Compartilhamento de sensações e sentimentos,
palavras,
ser surpreendido,
abraço de coração com coração,
poesia.
Encontrar amigos,
Rir a toa,
chorar de alegria,
ter quem amamos por perto,
comidinha com carinho de mãe,
ou com tempero de Amor.
Viver é se emocionar com tudo que nos move.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Descontrução

O que precisamos descontruir para começar algo novo?
desconstruo crenças,
desconstruo certezas,
prazeres e gostos.
Descontruo saberes, caminhos e amores.
Descontruo o tempo, a mim e em mim.
E tudo o que encontra-se ao redor.
Posso descontruir sorrisos,
falsos quereres, olhares.
Construir tudo de novo, sempre novo.
Sempre...

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

A dor é algo intangível, difícil de entender e definir.
A distancia que mantemos dela é que aparentemente a torna bonita e atraente, em momentos poética.
A nossa dor é sempre maior, mas menos significante para o mundo.

Vejo distante de mim a dor alheia,
Aquela dormencia que agonia o ser
Sentimento escondido de cada indivíduo
Na ânsia de alcançar o céu...

As vezes é algo tão forte e latente,
capaz de tomar conta do mundo,
de transformar o ambiente,
matando ou mudando o tudo ao redor.