quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Melancolia

Inevitavelmente a tristeza e a melancolia me fazem escrever.
Preciso estar abalado emocionalmente, mexido com algo que me descompasse para que minha emoção se espalhe por poros, pele, orgãos, chegando a meus dedos e esvaindo-se em palavras que não brotam em minha boca.

Minha dor não é latente,
é simples e tão complexamente perdida.
Essa perda não é um sentimento,
que se esvai ou se quebra.
Também não é a perda de uma pessoa querida que nos deixa do alto de sua madura vivência, deixando um vazio inexplicável de sensações.

A perda da qual falo é tão mais íntima, tão mais de detalhes do dia-a-dia.

Falo aqui de uma ausência de conviver, do desaparecer de uma vivência cotidiana,
de olhares, sorrisos, descobertas, mesmices, pequenos prazeres.
Minha perda é de carinho indizível, de afago, de reciprocidade para as coisas simples.
Minhas perdas, sim estão no plural, e são mais do que pequenos gestos ou conversas, são de sentimentos.
Tudo o que sinto é um pesar no peito,
uma secura de boca,
um transbordar de sal,
uma sensação de mudança.

Mas o consolo vem de saber que sentimentos são mais do que presença constante.
Sentimentos são conquistas que precisamos cultivar.
E este cultivar me afaga na intenção de continuar convivendo o sentimento.


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