domingo, 9 de novembro de 2014

A caso

E o acaso que cruza o inesperado destino.
Não há destino traçado quando há vida que segue,
que muda, brilha ou anoitece.
Um novo dia a raiar,
um novo momento a despertar,
um mundo novo em teu olhar,
o conhecido, desconhecendo o ar.
Todo instante desiste de mim,
esquece de ti,
encontra o nada ou tudo que há.
Sou o todo que você deixou,
sou bem mais que antes,
bem distante do existente,
sem os medos, os riscos e tormentos.

Desconhecido

Talvez eu já não mais reconheça teu rosto,
teu sorriso de canto, teu olhar brilhante.
Há tanto de ti ainda dentro de mim,
Há tanto perdido em sonhos,
Há tanto não vivido e sonhado.
E tanto de nós passou pelo tempo,
e espaço, e perdido de dois ficou.
E a lembrança em vezes renasce, e chama de saudade
e descansa em mim como morte anunciada.
E tudo que perdido está, há de morrer.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Nada

Por quê tuas palavras me invadem?
Fazendo de momentos em mim poema,
em outros canção.
Fazem-me mudo, louco, cego.
De tudo um pouco e de muitos o nada.
E do vazio saudade,
da solidão sonho,
das cores lembrança,
e da ausência, só.
E tudo, e cada momento,
mais.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Olhar dia

Estou suscetível aos encantamentos,
aos enamoramentos do mundo,
as belezas e sorrisos,
aos brilhos de olhos e cantos de boca.
Para as cores e nuances de um mundo
que se colore ao passar,
que se move para mim e em mim,
no outro e na loucura do encontro.
Estou suscetível a vida e a beleza do caminho,
aos prazeres que incorporam meus trilhos,
e se perdem no instante,
distante do meu olhar.

terça-feira, 3 de junho de 2014

Estonteante vazio no ar

Me sinto no vazio,
no entre estar de tudo,
no angustiante linear do caminho,
na falta de suspiros e excesso de anseios,
na conflitante sensação de perda,
no descabido desencontro do mundo.

Não sei se você está,
esteve,
ou sentiu.
Sei apenas que meu corpo nasce de novo,
e mais,
e sempre,
mesmo se você não está.
Não. Me falta corpo, suor, lábios.
Braços a abraçar.
Não. Me falta beijo, sorrisos, olhares.
Corpo a encontrar.

sábado, 17 de maio de 2014

Silêncio em ti

E tua falta.
Ah, essa louca falta que desfaz.
Dentro da ausência e do silêncio instaurado em ti,
que em mim se aplaca, me entontece, me sufoca.
E as manhãs tortas e sem sorrisos,
E o céu cinza de outono,
E a falta de luz no olhar.
A chuva já não vem para disfarçar meu desaguar,
para levar de meu peito o aperto,
para tirar de meus ombros o peso,
para acabar com a dor.
Para acabar.
Mas você não está.
Você não.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Andar

Ainda que meu caminhar se desfaça,
mesmo que a estrada se perca,
enquanto houver saudade, tudo nascerá.
No infinito do desejo,
na lembrança de teu beijo,
toda a felizcidade que almejo,
se conhecerá.
Onde ou quando ou por quê.
Nada disso me importa,
não quero saber se minha estrada
permanece atrás da porta,
ou se meu passo se perde ao começar.
Quero apenas saber recomeçar,
uma, duas, infinitas vezes,
sempre que precisar.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Estranho dia bom

Estranho, mas parece que o dia acordou,
fluindo, e se desenrolando e acontecendo
e tudo está mais claro.
Hoje ou ontem e talvez o amanhã.
Não sei ao certo, mas acontece,
a todo momento e em qualquer lugar,
e a vida flui e corre pro mundo.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Lembrança

E toca o meu rosto como se não o conhecesse,
e seus olhos fixam nos meus, e brilham
E seu sorriso abre-se como um amanhecer de outono,
cheio de cores e tons.
Sua mão fica, perde-se, agarra-se a minha,
como em oração.
Seu abraço me envolve e não se dissolve,
e o tempo e lembrança são eternidade.

domingo, 6 de abril de 2014

Passo

E na estrada longa e vazia, você não está.
E mesmo assim a estrada segue,
consegue ir, continuar.
Às vezes ainda procuro seu passo,
andaço, corpo vão em outros corpos.
Mas sigo, prossigo,
persigo algo a sangrar comigo.
Meu passo às vezes ferino,
outras em falso não pode parar,
não cessa, não acaba hoje.
E o passo me levará a outros no caminho,
a outros caminhos, no mesmo minuto em que
estarás parado, estagnado, prostrado em ti.

Do inicio ao fim

Do início ao fim,
um começo em mim,
a mentira enfim.
Não sei onde vi,
tudo aquilo que não existiu.
E porque sofri por tudo que imaginou,
e senti dores e descompassos,
e vivi todos os cansaços do teu negar.
Sofri em vão,
querendo viver no não,
O sim que eu procurava.
Mas foi bom o todo que senti,
o tudo que fiz e gozei,
o sim e não que procurei,
e o nada que me encontrava.

terça-feira, 25 de março de 2014

Mais de ti

Eu sempre quis mais de ti,
mais do todo de ti,
desde o primeiro toque.
Quis teu beijo mais e mais.
Teu toque, tua mão,
o contato com tua pele,
tua saliva, teu suor.
Quis tua respiração em meu ouvido,
e teus suspiros também.
Quis tua voz ao anoitecer,
e tuas palavras a todo momento.
Quis teu sorriso perdido em meu olhar,
e tuas juras insanas.
Quis teus pés caminhando em minha direção,
teus braços enlaçados em mim,
tuas mãos tocando-me,
teus dedos no meu cabelo e tua boca no meu pescoço,
percorrendo minha pele a procura de meu cheiro.
Tendo tua respiração e teus olhos cerrados.

domingo, 23 de março de 2014

Pouco louco

No pouco de um eu louco,
para o todo de você vazio e morto,
fazendo-me ver que a ausência em mim,
esfacela-se.
Para o toque que um dia pôs-se em mim.
Espalhou-se em suspiros, gritos, incongruências de ti.
Ainda assim, encontro lembranças vivas e
vontades mantidas no silêncio.

É saudade

É a saudade,
a lembrança dentro de meus olhos,
a constante vontade de ver.
As inúmeras sensações que se cruzam dentro de mim.
A inconstância a dominar-me, escravizando-me.
Saudade é céu cinza,
é dor,
ausência,
é melancolia crescente,
dominando espaços,
fazendo morada,
em casa inusitada.

terça-feira, 11 de março de 2014

Incessante

E o incessante uma hora cessa,
e o todo que se retesa,
em um momento pode se libertar.
E a ausência em constante momento,
desprende-se.
Ausência esta do teu beijo,
da tua mão, da voz sussurrada,
que desfaz-se em meu pensamento.
Ausência do teu sexo,
mas não nele que minha falta se faz,
e sim de todo restante que estar contigo
me causou.
Ausente segue o instante,
vazio sem tua presença,
sem nada de ti,
sem saber de mim,
sem nada dizer,
no silêncio de nós.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Tortura

Queria a intensidade do momento inexistente,
a luz deste entardecer dourado,
a cor invadindo meu olhar.
A mudança de tonalidade a me levar.
Queria tudo o que não existiu,
ou somente existiu a mim.
Queria dar-te tudo que não prometi,
mas que meu corpo, olhos, poros
demonstraram.
Toda a urgência deste sentimento,
toda emergência deste encontro,
toda tortura deste instante louco.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Desamores

Na cidade cinza,
em cores é meu coração.
Na ausência de tons multicores,
meus olhos encantam-se em monocromática visão.
Na busca do colorido que se destaca,
no contorno inebriante da fachada,
na dissonância dos seres, em desfazeres de camadas.
Na Multidão e seus amores,
Na luz fugídia dos sabores, dores, cores desamores.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A noite

Quando a noite surge a tarde,
Quando a escuridão espalha-se,
Quando o céu desaba e traz à vida,
algo pelo qual sonhar.
Neste instante meu mundo existe,
Neste acorde tudo persiste,
E a tênue presença do todo abala-me.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Intensamente rompo a barreira e perco-me,
em lágrimas, sorrisos, sensações, paisagens, lembranças.
Por que a lembrança, essa lembrança dói...
Desfaço-me em fragmentos de sentimentos escondidos,
de desejos contidos, de quereres impensados.
Fecho-me como portas na noite sem fim,
Perco-me feito outro em mim,
Quero tudo que se desfaz e incapaz sigo.
No azul do céu que perde-se no horizonte,
procuro por mais uma imagem, imaginação solta,
envolta em tantas matizes desfeitas.
De ti quero tanto o abraço, o toque da mão,
a epiderme ainda viva tocando de leve minha boca.
E na noite escura, sigo sem rumo, sem morada, na perdida hora.
Na tua ausência meu viver morre um pouquinho,
um tantinho, um tiquinho de tempo agora.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Beije-me antes que a noite acabe,
antes do nascer do sol,
beije-me todo o tempo,
enquanto ele houver,
beije-me até que se desfaça o ar,
e somente nossos corpos permaneçam.
Beije-me por um momento.
Abrace-me por um movimento.
E de mim não se desfaça mais.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Do estar

Há momentos em que ficar exige uma força tamanha,
um querer imenso, um credo inabalável.
De onde tirar tanta força?
Será que isso é força ou fraqueza?
Onde o medo nasce e para onde nos leva?
A vida, montanha russa sem fim, cria em seus altos e baixos,
esconderijos capazes de alimentar um mundo de ilusões,
e para que a vida possa seguir é essencial que este sobe e desce nao cesse,
pois a vida em linha reta é apenas o fim de tudo, a morte do ser.
Entender que quando não sabe-se onde ir a melhor coisa a se fazer é ficar onde está
faz com que o parar nos movimente, nos oriente a compreender o que acontece ao redor.
A vida exige-nos demais.
Decisão, entendimento, coerência, análise.
Mas é tão difícil chegar ao ponto devido quando sentimentos atormentam nosso ser,
e o não saber mais nada passa a flutuar nossa mente e coração,
fazendo os dias mais tortuantes e espinhosos.
De mim, já não sei mais nada,
nem onde, nem quando, muito menos por quê.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Da boca em que me perco,
a louca sensação do tempo,
percorrendo cada milímetro de meus poros.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

O desejo que antes dominava meu mundo.


Agora se te vejo e não sei resistir, é por tudo,
cada toque, cada beijo, cada gosto deste corpo
que ainda pulsa.
Se o tempo não soube me resgatar,
sigo perdido dentro do peito onde quero estar.
Se já não consigo tirar de mim o ardor do teu mar,
se o mar que escorre de ti, deságua nas doces águas,
e o chegar nunca está.
Quando sei que tudo perde-se, encontra-se,
desmorona-se na reconstrução do todo que sou eu.

sábado, 25 de janeiro de 2014

Idas e vindas

Gosto do teu gosto,
Não me importa quando venhas,
ou para aonde vais.
No entanto espero que fique um pouco,
nesta vida de tantas coisas não ditas.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Enlace

Grito em silêncio, no desejo contido,
no chão permanente, sob meu corpo presente.
E tudo o que desejo e preciso,
encontra-se dentro do teu abraço,
na boca que me beija,
e no laço que desfaço.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Revelando-se

Até o final,
quando tudo grita,
e todo ar esvanece,
e a chuva desaba.
Quando tudo em mim vibra
e entorpecido de sensações,
acaba-se como um suspiro
longo e sem fim.
Mesmo quando acaba,
dentro do todo,
estará a vontade do que foi vivido,
a permanência do que foi sentido,
a lembrança do desejado,
de tudo que foi dito ou tocado,
dentro de um instante tão secreto e liberto.
E tão presente quanto o agora,
teu gosto estará em minha boca,
e espalhado por todo o corpo.
É quando toda verdade não revelada,
aquela escondida por todos os poros,
já não fará diferença,
já não dará presença,
em tudo o que vivemos.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Andando

Que meu corpo seja caminho,
e teu pouso, só ninho.
Que o beijo pecaminoso,
toque intenso,
tempo inconstante.
Que o mundo desabe,
acabe,
se desarme para eu passar.
Que minha boca perca-se em cada gosto,
mesmo no desgosto do caminho.
E minha epiderme ainda molhada,
possa ser recompensada,
mesmo depois do final.

Sonhar mais

De toda saudade do beijo,
do corpo no meu,
do cheiro no ar.
De tanta saudade e desejo,
com tanta vontade,
eu,
de saudade não posso viver,
de vontade não passo querer,
de mais tarde ao te perder,
ainda querer sonhar mais.