Meu olhar absorve toda beleza que neste ser há.
Meus olhos tem sede de apreciar.
Buscando abrigo em tua cor e claridade,
querendo encontrar calor e tempestade.
Crendo no medo da palavra solta,
Desejando a todo momento tua boca em minha boca pronta.
Existir para este corpo que aflige meus pensamentos,
querendo-o a cada vão momento.

Em Feliz Cidade

Minha felizcidade necessita independer de indivíduos, sorrisos, palavras, olhares.
Necessita depender de meu sentimento, precisa aflorar do ser para fora,
contagiar o ambiente fazendo tudo se conectar.
Mesmo que meu melhor possa ser o outro,
mesmo que o toque pareça indispensável,
Ainda assim posso ser feliz, mesmo que só, mente, acompanhado.

Na cidade, céu cinza de primavera.
Apesar da estação e do calor que inicia, olhando através das janelas me sinto no inverno de minha pele.
Minha epiderme ainda desbotada, meu corpo escondido da vista alheia faz com que tenha a sensação do vazio, desconforto do sentimento.
Busco ver através de minhas lentes, mas meu olho não alcança o horizonte.
A neblina vista do alto da cidade, parece com meus nebulosos pensamentos tão impossíveis de transpassar diante da vida que se oferece.
Buscar explicações para os silêncios que me acometem, é a forma mais difícil de viver.
Meu sorriso segue estampado, minhas palavras continuam levando meu humor, mas por dentro carrego um monstro que se alimenta de minhas entranhas a todo instante.

Hoje li uma frase tocante, que dá nome a um espetáculo de dança chamado "Não me toque estou cheia de lágrimas - Sensações de Clarice Linspector".

tempo...

O tempo, capaz de transformar o passo do humano que em mim habita,
busca transformações ou caminhos capazes de me trazer vida viva.
Tempo, carrasco do Amor, que em meu corpo sempre se faz maiúsculo,
traz o descompasso de meu peito em hora despreparada.
Meus encantos se apresentam no decorrer do tempo e caminho,
em lugares onde jamais busquei abrigo.
Aqui onde me escondo dos sentidos, busco equilibrio para o que não entendo.

Silêncio da pele

Queria tanto sentir-me um tanto quanto ao toque de seu corpo no meu.
Ter em tua pele o contato da minha,
Sentir o arrepio que teu lábio é capaz de causar na minha epiderme desejante.
Desejo de tantas sensações que perecem ao tempo,
mas que permanecem vivas aguardando a simples faísca que uma única palavra é capaz.
Meu corpo todo fala ao silêncio neste momento, tentando gritar algo inaudível a qualquer ouvido humano.

Necessito de leveza e amenidade para vencer os dias...

Meus músculos doem, como se um grande peso estivesse em meus braços.
Meu corpo comporta as dores que a vida impõe,
fazendo deste cenário cálido algo tão sufocante para o ar que escapa.
O tormento que me aflige, busca respostas no vazio,
neste amplo lugar onde me encontro só,
no qual somente uma voz amiga se faz presente.
Tenho resquícios em meu corpo de algo que não aconteceu.
Minhas memórias se fazem ilusórias de realidade.
Os olhos buscam imagens onde quer que eu vá,
e meu peito teima em descompassar dia-a-dia.

Sentido

E as pequenas coisas que me eram tão tocantes e indispensáveis, enfim tomaram seu verdadeiro tamanho e importância.
Hoje elas são pequenas demais, ínfimas, incongruentes, dissonantes sentidos.
Meu corpo, meu peito, meus anseios procuram por algo que me arrebate em uma cura qualquer. Que tome conta dos meus sentidos, inebriando-me.

Sinto

Sentir,
verbo tão presente em meu vocabulário.
Vários acontecimentos, frases e pensamentos do meu dia começam com sinto...
Sinto prazer, dor, amor.
Sinto falta, fome, cansaço.
Sinto vontades, cheiros e gostos.
Sinto felicidade,
também sinto tristeza.
Sinto entrega, assim como ausência.
Sinto emoção, assim como não sinto nada.
Sinto toques, beijos, arrepios.
Sinto meu corpo pedindo mais.
Sinto meu querer.
Sinto culpa e tudo.
Sinto tanto e pouco.
Sinto agora o tempo todo.
Saudade,
também sinto...

Brisa

Tento entender as pessoas que não gostam de brisa.
Aqueles que do vento fogem como quem evita o mal.
Fogem da brisa e da sensação de vida que este toque traz.
Sentir o vento no rosto, mesmo que na viagem fria,
faz com que sinta a vida desfilar por meus poros...
Assim como quando caminho a beira mar.
Gosto deste sentir, deste toque que alimenta meu andar.
Me alimento de sensações, das mais diversas e infames.

Encontro

Para quê tanto pecado em um só corpo?
Imaginar o desejo existente neste movimento de olhar
Há algo que não se pode ver, apenas o sentimento crescente.
Quero encontrar em teu pêlo, sossego para minha ânsia
Tocar-te calmamente, sem a pressa cotidiana.
Ouvir tua respiração enquanto sinto o cheiro do abraço
Apertar de encontro ao meu corpo, todo desejo de ti
mesmo que o abraço seja singular e a respiração se exceda neste instante.